quarta-feira, 30 de maio de 2007

Um livro para gerar um outro Olhar


Em diversas situações e vezes, o olhar dos criadores sobre as realidades onde estão inseridos ou dela, de alguma forma foram, foram forçados ou escolheram sair, é um olhar determinantemente mais revelador do que a seqüência de imagens e "narrações" que são colocadas diante de nós diariamente. Os criadores, claro, são os artistas e intelctuais que puderam observar, vivenciar e pensar suas vidas, profundamente alteradas pelos fatos ao redor.
Em geral, é ainda mais interessante quando tais observações são feitas por crianças, ou sob a ótica delas. É o que torna muito interessante o livro do afegão, residente nos Estados Unidos, Khaled Hosseini, com o seu primeiro livro, "O Caçador de Pipas". Há muito que eu não lia um livro, de um escritor contemporâneo, tão interessante. A infância de Amir e Hassan, que se passa num Afeganistão pouco conhecido e lembrado (já que o ocidente não lembra de nada além terras áridas e o regime implacável dos talibãs) estimula um outro olhar sobre o país, comove com sua leitura infantil sobre lugares, culinária, lazer e brincadeiras, se destacando é claro, o campeonato de pipas como sendo a diversão mais esperada do ano.
A fidelidade e a coragem de Hassan, que contrasta com os conflitos e a timidez de Amir, ensinam muito de relacionamento, de ceder ou viver em função de alguém. Uma fidelidade que não teme nem a morte, quando toda conjuntura do Afeganistão é profundamente e barbaramente alterada pela tomada de poder dos talibãs.
Cnotraditoriamente, Amir nunca conseguiu se comportar a altura, e mesmo quando esteve diante da oportunidade de se redimir, o conflito, o medo e atimidez foram maiores, se agigantaram de tal forma, que tornou-se incapaz de corresponder. este mundo de amizade entre o Amir, rico e letrado, cheio de imaginação, e o Hassan, pobre, inocente, mas valente e de dignidade supra, ensina de tudo um pouco.
Aprendi muito com a leitura deste livro impressionante, recomendo da mesma forma, como uma maneira de enxergar oriente médio além do "barril de pólvoras", do povo "pobre coitado" que precisa de conversão. Porque é evidente que ele precisa de conversão como qualquer outro.

Escrito por Ronilso Pacheco Ronilso_blogger

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